Em muitos momentos da vida, encontramos pessoas que, com um brilho no olhar, dizem:
“Ah, se eu tivesse mais… Mais bens, mais riquezas, mais posses… ajudaria muita gente!”
Essa fala sempre me chamou a atenção.
E eu mesmo, lá atrás, pensava algo parecido. Afinal, ao longo da minha trajetória — como agricultor, extensionista rural, gestor público, cooperativista, educador e comunicador — estive em posições de liderança e influência. Oportunidades não me faltaram.
Sim, eu poderia ter acumulado muito mais: mais bens, mais patrimônio, mais poder.
Mas a vida, com sua sabedoria silenciosa, foi me mostrando outro caminho.
Percebi que, ao me contentar com o que era justo, sem avançar sobre aquilo que também pertencia aos outros, eu estava, sem perceber, fazendo justiça com a minha própria consciência.
E mais: estava ajudando. Porque ao não reter, eu permitia que mais pessoas tivessem acesso às oportunidades.
Essa consciência só foi se fortalecendo com o tempo.
Hoje, vivendo a plenitude da longevidade humana, aprendi que não é preciso ter tudo para ser pleno, nem é preciso acumular para ser relevante.
A vida me ensinou que o verdadeiro espírito empreendedor sustentável nasce da escolha consciente de ser íntegro, ético e colaborativo.
É aquele que empreende com os olhos no futuro, com respeito ao outro e com raízes profundas, na verdade.
O empreendedor consciente não pensa apenas em “ter mais”.
Ele pensa em “ser mais”: mais justo, mais generoso, mais humano.
Porque ele entende que os bens são meios, não fins. E que o maior legado está nas vidas que ele inspira, e não nas cifras que acumula.
Em tempos de juventude exaltada, muitas empresas e instituições correm o risco de cair na armadilha do etarismo — o preconceito contra pessoas mais velhas.
Vejo muitos analistas, profissionais promissores, inteligentes e bem formados, tomarem decisões importantes sem considerar algo fundamental:
o conhecimento verdadeiro não nasce só do diploma ou da técnica, mas também da experiência vivida, dos erros superados, da sabedoria amadurecida no tempo.
Quem tem formação, mas não aplica, não aprende.
Quem planeja sem ouvir quem já fez, recomeça do zero.
E quem desconsidera os mais velhos, desperdiça riqueza viva que não se encontra nos livros.
Por isso, aos jovens talentos — sejam técnicos, gestores ou líderes em formação — deixo um apelo fraterno:
👂 Ouçam os que vieram antes.
📚 Aliem teoria com prática.
❤️ Não subestimem a sabedoria da vida.
📖 A sabedoria da velhice é também a maturidade do espírito.
Com os anos, aprendemos haver uma alegria serena em viver com simplicidade.
E há uma força transformadora em agir com sabedoria.
Empreender na longevidade é isso:
Entender que o tempo é um aliado, não um inimigo.
Que o saber se compartilha, não se guarda.
Que o sucesso verdadeiro é aquele que gera impacto positivo e duradouro.
Hoje, mais do que nunca, acredito que a sustentabilidade começa em nós.
Quando deixamos de querer tudo, começamos a distribuir mais.
Quando abrimos mão da ganância, nos tornamos fonte de esperança.
E quando escolhemos ser, em vez de apenas ter, começamos a construir um mundo melhor.
🌿 Menos ganância. Mais esperança.
Mais sabedoria. Menos vaidade.
Mais escuta. Menos pressa.
Esse é o legado que quero deixar.
Esse é o chamado que faço a todas as gerações.
Que cada um de nós, ao viver com propósito, ajude a construir um futuro mais justo, ético e verdadeiramente humano.
Por Ainor Francisco Lotério
Palestrante, educador, comunicador e eterno aprendiz da vida.
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Transformando vidas através de palestras inspiradoras e conhecimento aplicado em cooperativismo, agricultura, família, educação, gestão pública e longevidade.
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