Entre Café e Filosofia: Saborear Ideias na Era da Conexão Radical


Café Filosófico realizado nas dependências do Restaurante Origens, no Hotel Hilton — Praia Brava, em Itajaí–SC, foi muito mais do que um encontro de amigos ou curiosos: foi um convite ao pensamento livre e profundo, uma jornada que cruzou a história, a tecnologia e a essência humana. Coordenado com maestria por Ricardo Krobel e Laura Porto, e impulsionado pelas provocações iniciais de Mateus Camilo e Fredy Cabral, o evento abriu as portas para a alma inquieta de todos que se permitem filosofar, sem precisar de títulos ou diplomas — somente de vontade genuína de pensar.

A beleza do Café Filosófico está justamente em sua simplicidade poderosa: reunir pessoas comuns para tratar de questões extraordinárias. Afinal, filosofar é como saborear um bom café: é melhor quando compartilhado, lentamente degustado, buscando nos aromas da vida a essência do ser.

Durante nosso encontro, navegamos por grandes temas — a ética na era digital, a velocidade frenética do mundo moderno, a dependência juvenil do universo virtual, o papel das redes sociais e sua pretensa neutralidade. Entre provocações e reflexões, ficou claro que, se por um lado a tecnologia promete nos conectar, por outro, desafia profundamente nossos princípios éticos e a própria construção da felicidade.

Uma reflexão que emergiu com força foi sobre a produção de conteúdo na internet. A partir de uma fala sobre a produção e comercialização de e-books e da resposta filosófica gerada por uma inteligência artificial, evidenciamos que hoje não é mais a formação acadêmica que limita ou legitima a expressão humana. Como bem respondeu a IA:
“A busca por expressar-se e compartilhar ideias transcende as barreiras da formação formal; o silêncio imposto pela ausência de títulos seria o verdadeiro absurdo, sufocando a potencialidade da experiência humana.”
Pensar, criar e filosofar é, portanto, um direito e um chamado universal.

Também conversamos sobre a ilusão de que administrar a vida ou educar os filhos dos outros seria simples — duas tarefas que revelam, na prática, a complexidade de sermos humanos. Assim como questionamos: continuaríamos a dialogar se soubéssemos, de fato, quem está do outro lado da tela?

Este Café nos lembrou que a velocidade das mudanças, as tecnologias generativas e a chamada IV Revolução Industrial não anulam uma verdade fundamental: o ser humano permanece em busca de sentido. Por trás das redes, dos sensores, da inteligência artificial, há um coração que deseja se reconhecer na eternidade do agora, projetando-se para além da efemeridade.

Vivemos, talvez, um tempo que poderia ser chamado de “Primavera da Grande Família”, onde estamos todos conectados, porém, mais desafiados do que nunca a cultivar encontros significativos. Um tempo de extremos e de possibilidades; de destruição e edificação; de degradação e reconstrução.

Que os encontros como este, embalados pelo aroma do café e pela grandeza da filosofia, sigam nos inspirando a refletir, questionar e sobretudo, humanizar o nosso viver em meio à era da conexão radical.