08 abr 2024

A AGROSOFIA E O GRÃO DE MOSTARDA – MÍSTICA DA VIDA COM BASE NAS FORÇAS AGRONATURAIS (Por Ainor Lotério*)

O GRÃO DE MOSTARDA E A AGROSOFIA, MÍSTICA DA VIDA COM BASE NAS FORÇAS AGRONATURAIS (Por Ainor Lotério)*.

Inspirada na atemporal parábola de Jesus Cristo sobre a fé e a natureza, essa filosofia oferece uma visão única sobre a motivação humana, integrando elementos de fé, essência e a conexão com o ambiente natural. Na reflexão agrosófica propomos uma reestruturação da vida individual e coletiva, fundamentada nas lições oferecidas pela natureza. Destacamos valores como sabedoria, coragem, paciência, perseverança e fé, essenciais para enfrentar os desafios contemporâneos em todas as áreas da atividade humana.

A agrosofia representa uma abordagem inovadora e inspiradora para motivar indivíduos em suas jornadas pessoais e profissionais, levando-nos a considerar à percepção de que há muito mais de natureza vegetal (seiva da vida) dentro de cada um de nós e em nosso entorno do que imaginamos. Assim como nas práticas agrícolas, em que muito do que é vital para o crescimento das plantas acontece abaixo da superfície do solo, na vida cotidiana também pode haver aspectos essenciais que não são imediatamente perceptíveis.

A analogia mística entre o grão de mostarda e a semente de beterraba para ilustrar a importância da essência sobre a aparência nos faz entender um pouco do que podemos aprender com esse novo jeito de pensar e viver em nossa casa comum ou o nosso planeta. Ele destaca a presença de um vasto potencial latente em cada indivíduo, assim como de cada semente, muitas vezes obscurecido por frustrações e desânimos, ressaltando a necessidade de reconectar-se com as próprias raízes e potencialidades a serem desabrochadas.

A relação entre agricultura e Agrosofia é uma integração entre práticas agrícolas e uma filosofia de vida mais ampla, que visa promover uma compreensão mais profunda e uma conexão mais significativa com a natureza e com nós mesmos. Essa abordagem integrativa tem em vista aplicar os conhecimentos e as práticas agrícolas para compreender e orientar diversos aspectos da existência humana, promovendo uma visão holística e sustentável do mundo.

A palavra “agrosofia” é um termo composto, formado pela junção de “agro”, relacionado à agricultura, e “sofia”, que significa sabedoria em grego. Portanto, agrosofia pode ser entendida como a sabedoria originada do contexto agrícola ou como uma filosofia de vida inspirada nos princípios e processos da natureza e da agricultura.

A agrosofia se revela como uma filosofia de vida profundamente inspiradora, convidando-nos a mergulhar em uma compreensão mais profunda e holística de nós mesmos e do mundo ao nosso redor. Sob essa perspectiva, somos instigados a reconhecer que, assim como nas práticas agrícolas, onde o vigor e a vitalidade das plantas se manifestam a partir das raízes, grande parte da nossa própria essência e potencial reside nas profundezas do nosso ser, não visíveis à primeira vista. É como se a seiva da vida, que nutre e sustenta toda a flora, também fluísse em nosso âmago, influenciando sutilmente nossas jornadas pessoais e profissionais. Essa compreensão nos desafia a olhar além da superfície e a reconhecer a riqueza e a complexidade que permeiam cada aspecto da existência, incentivando-nos a cultivar uma consciência mais profunda e uma conexão mais autêntica conosco mesmos e com o mundo que nos cerca.

A Agrosofia está fundamentada no conhecimento científico e na sabedoria ancestral sobre o comportamento das plantas, propõe uma reconexão entre o ser humano e a natureza. Desse modo visamos inspirar uma nova visão sobre a relação entre indivíduos e o ambiente natural, destacando a importância de aprender com as características resilientes e adaptativas do mundo vegetal. Com essa base de conhecimento agrosófico e científico, abraçada à sabedoria popular (os saberes dos agricultores, os primeiros professores do campo) e ao comportamento das espécies vegetais e suas variedades no ambiente, o fundamento da agrosofia se torna sólido: sua abordagem busca uma reconexão entre o ser humano e a natureza, sem perder de vista a necessidade urgente de repensar nossas motivações em meio às mudanças climáticas e ao aquecimento global.

Após acumular inédito conhecimento e vasta experiência ao longo de sua carreira profissional como extensionista rural, filho de agricultores, gestor público e voluntário de ações voltadas ao meio ambiente e agricultura familiar, muito pude entender esse novo viés de enxergar a natureza. A visão de sustentabilidade adquiri desempenhando um papel crucial na disseminação de conhecimento e práticas sustentáveis no meio agrícola.    

Resolvi registrar e disponibilizar esse aprendizado que a vida me deu (e nos dá) na forma de estudos, experiências, tarimba profissional, traquejo e compreensão do processo cognição focado nas leis da natureza e da atividade agrícola, o que intitulei de agrosofia. Isso tudo nos leva para a criação duma cultura de sustentabilidade mais afeta à alma, ao trabalho e ao espírito de cada indivíduo.

Essa filosofia motivacional, também conhecida como motivação agrosófica, visa reestruturar a vida das pessoas em harmonia com as lições oferecidas pela natureza em tempos de desafios climáticos e ambientais. Instiga-se incorporar valores como sabedoria, coragem, paciência, perseverança e fé, adaptáveis a todas as áreas da atividade humana.

A agrosofia transcende as abordagens convencionais de motivação, promovendo uma nova relação entre o ser humano e a natureza. Vê-se que destacamos a importância essencial de se honrar a vida em todas as suas formas e de vivermos em harmonia com as forças naturais, oferecendo uma visão promissora para um futuro mais harmônico, sustentável, promissor e equilibrado.

Por meio da Agrosofia, convidamos os indivíduos a repensarem suas motivações e a reconectarem-se com a sabedoria da natureza, garantindo um crescimento pessoal e coletivo significativo.

A função da agrosofia é traduzir princípios do mundo agrícola para um sistema de filosofia de vida, conhecido como agrosofia, nos dizem que tudo o que podemos não estar vendo, na verdade, podem estar pautando nossa vida e até nossa permanência no planeta.

*Autor: AINOR FRANCISCO LOTÉRIO é Engenheiro Agrônomo, Mestre em Gestão de Políticas Públicas (Instituições, cultura e sustentabilidade), psicopedagogo, Pós-graduado em Gerenciamento de Marketing e Metodologia do Ensino Superior, Comunicação e Extensão Rural, Bacharel em Teologia (Interconfessional) e Filosofia. Inúmeros cursos de extensão universitária. Foi professor secundarista e universitário, servidor e gestor público, Diretor Estadual da Epagri — Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina e Gestor Estadual do Pró-Jovem — Programa de Motivação da Juventude para a Qualidade Essencial na Agricultura e na Pesca e Prefeito de Camboriú. É autor de livro e vários outros textos e artigos, conforme estão evidenciados nos Eixos Eternos do seu Website: www.ainor.com.br
E-mail: contato@ainor.com.br
Contato/WhatsApp: (47) 99967 5010

02 maio 2019

Como envolver os filhos na propriedade rural

A velocidade das mudanças nas últimas décadas atingiu também as famílias agricultoras e, consequentemente, suas propriedades rurais. Com o avanço das indústrias nos últimos séculos, os agricultores se viram apostando naquilo que não conheciam. Assim, incentivavam seus filhos na busca por uma vida mais próspera fora do campo. Dessa forma, o êxodo foi acontecendo, criando sobre a atividade rural um aspecto de sofrimento.

Hoje o campo ganhou novas perspectivas. Ter uma propriedade organizada e produtiva é sonho de muita gente que um dia já passou por lá. Todavia, existe ainda resistência e dificuldade por parte dos agricultores em transmitir para as novas gerações a importância da propriedade rural.

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Com frequência, a juventude do campo se encanta com as ofertas de novos estilos de vida da atualidade. A força dos avanços tecnológicos tem influenciado diretamente os negócios rurais e o comportamento dos produtores e familiares. Nesse contexto, naquilo que se refere à sucessão rural, os pais podem utilizar a tecnologia como um recurso motivador para a permanência dos filhos na propriedade.

Diante disso, de que maneira os pais podem estar estimulando seus filhos para melhorar o engajamento do negócio da família? Abaixo, separamos algumas sugestões para fortalecer essa realidade.

  1. Demonstre que vale a pena:

É preciso demonstrar através dos exemplos que a propriedade é mais do que um lugar de trabalho. Ela é um Bem onde ele terá boa renda, diálogo e liberdade. Reclamar da vida, do empreendimento, da não participação dos filhos, só enfraquece o sentimento motivador de permanência do jovem na propriedade. Faz-se necessário mudar de atitude e adotar novas palavras, sendo grato pelo bem que possui. Isso fará toda a diferença na forma com que os filhos verão o negócio rural.

  1. Entenda a liberdade dos seus filhos:

Cercá-los para que não fujam não é mais possível. Deve-se inseri-los nas atividades com responsabilidade, dando-lhes autonomia sobre o processo produtivo. Hoje é preciso entender que os jovens são mais livres para decidirem seus caminhos. As ofertas e oportunidades vindas das cidades são intensas. Por isso, proporcione um sentimento de pertença, onde eles se sintam acolhidos e donos daquilo que estão produzindo. Compreenda essa realidade estando sempre de braços abertos para acolhê-los.

  1. Utilize de novas tecnologias:

Qual o jovem que não é atraído pela tecnologia? Investir em conhecimento e equipamentos tecnológicos se tornou essencial para o mundo do Agro 4.0. Assim, uma forma de motivar a sucessão rural é trazendo esses avanços para dentro de casa. Informatizações da propriedade, utilização de programas e aplicativos de gestão, planejamento e programação de cultivos e criações pela inteligência e participação deles, são algumas das atitudes que devem ser adotadas.

Sobre as redes sociais: Os jovens são inteligentes e envolvidos em redes sociais, de modo que seu mundo abrange não apenas o mundo rural. Pais e familiares devem notar que não é possível abranger seus sonhos e desejos apenas com as coisas da propriedade rural em si, mesmo que esta tenha muitas atividades e projetos. Desse modo, as propriedades devem estar também envolvidas nas redes sociais, mostrar os benefícios da agricultura para o mundo. Interagir com o virtual de maneira educativa, demonstrando que nas propriedades há trabalho, sustentabilidade, produção e filosofia de vida.

  1. Promova a sucessão do bem-estar:

Já falamos que dar exemplo é uma maneira de estimular o jovem para a sucessão. Isso não significa que eles tenham que fazer da mesma maneira como os pais fizeram. Os jovens ficam no campo quando se sentem encantados, fascinados e maravilhados com aquilo que estão fazendo. Além de trabalhar nas atividades diárias, eles também desejam uma roupa moderna, um carro ou uma moto, de modo que possam se apresentar como cidadãos plenos e não como um coloninhos, como era considerado no passado.

Por isso, é fundamental também o investimento no bem-estar dos sucessores. À medida que os pais vão se realizando como produtores, melhorando a qualidade de vida, a produção, entre outros, também os filhos devem acompanhar esse processo de evolução. Isso contribuirá como peso positivo para sua permanência na propriedade.

  1. Construa um plano de sucessão:

É fundamental que se desenvolva um plano em nível de propriedade que ocupe a atenção dos donos. Assim, conciliando a experiência dos mais velhos e os talentos dos jovens, é mais fácil o comprometimento com o que está a sua volta. Planejar, executar e analisar as atividades dentro da propriedade rural, ajuda na atribuição de tarefas e funciona como uma poderosa ferramenta de gestão.

Mas como devo planejar a sucessão?

Com a velocidade da comunicação moderna, é fácil perder o controle. Assim, quando construir um projeto para o negócio rural, é primordial que os filhos estejam envolvidos em todas as etapas do processo. Só assim, através da participação e análise dos resultados desses projetos, irão criar uma identificação e empatia por aquilo que estão construindo.

Bônus

Outro ponto que convém destacar é a diversidade na produção. Além de ressoar como atrativo para os jovens, também funciona como geradora de novas oportunidades de crescimento.

Hoje é preciso encantar a juventude através de projetos inovadores e verticalizados de produção. Isso auxilia para o crescimento de uma cultura de diversidade na propriedade. A Agrobiodiversidade contribui para a construção de um mundo mais sustentável, incentivando na geração de renda e na inclusão social dos envolvidos.

26 mar 2019

5 Dicas de como otimizar a gestão da propriedade agrícola

Ainor Francisco Lotério

A cada momento temos uma novidade chegando ao mercado. Essa realidade exige dos profissionais do campo produtos agrícolas diferenciados daqueles produzidos no passado. Hoje temos uma produção de tecnologia avançada e acelerada, fazendo com que muitos gestores fiquem na poeira do atraso.

Pesando nisso, elaboramos algumas dicas poderosas de como melhorar a gestão da sua propriedade. Acompanhe abaixo as seguintes sugestões que separamos:

  1. Adquira com consciência

Uma vez certo agricultor me disse: “Os tempos mudaram muito e hoje se oferecem coisas demais na propriedade. Se a gente não se cuidar compra o que não precisa e bota dinheiro fora!”.

Muitas propriedades adquirem insumos, máquinas e equipamentos. Enfim, todo tipo de produtos e serviços que não são necessários para a propriedade. Com as novas tecnologias isso se torna mais comum. Por isso, é preciso se perguntar: Esse produto/serviço é necessário para o meu negócio? Quais os seus benefícios reais para a vida da propriedade?

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  1. Faça um checklist

Consiste em uma folha de controle, que contém vários procedimentos, tarefas e ações. Seu objetivo é planejar, executar e analisar as atividades dentro da propriedade rural. É uma ferramenta de gestão, onde as tarefas devem ser administradas de acordo com as metas a serem alcançadas. Seja naquele mês, naquela safra ou no decorrer do ano. Ou seja, cada produtor constrói seu checklist conforme as disposições do seu negócio.

A pergunta que deve ser feita no dia anterior é: O que é preciso fazer amanhã? Quais são as prioridades?

Com a velocidade da comunicação moderna, é fácil perder o controle. Assim, com um checklist adequado, em pouco tempo aumentará os resultados na gestão da propriedade. O tempo atual exige. Acima de tudo, planejamento, organização e disposição.

  1. Não tenha medo do Agro 4.0

A agricultura e pecuária digital já é uma realidade na sociedade. O Agro 4.0 é a oportunidade de levar ao campo tecnologias que beneficiem a gestão do negócio rural. Para isso, existem aplicativos, softwares, drones, tecnologia de monitoramento em tempo real, entre outras.

Além de controlar melhor a produção, essas plataformas dinâmicas ajudam no acompanhamento das atividades rurais e na administração das finanças. Dessa forma, o empreendedor rural conseguirá obter retorno rápido e boa rentabilidade nos negócios. Além disso, com os processos automatizados, o produtor garantirá aos consumidores produtos de qualidade em menor tempo.

Deixamos abaixo link de uma matéria com alguns aplicativos gratuitos para você experimentar.
10 aplicativos gratuitos para impulsionar sua agricultura

  1. Adote uma visão sustentável

Cada vez mais o planeta dá sinais de cansaço. Nós, muitas vezes assistimos a isso e exigimos ainda mais. Percebemos que a sustentabilidade já está se tornando um valor humano. As buscas por produtos orgânicos aumentaram e o consumir está mais consciente referente ao alimento que chega a sua mesa.

Assumir práticas de gestão que não agridem o meio ambiente tende a fortalecer o negócio. O gestor que adota a sustentabilidade como valor para sua equipe e sua propriedade, está um passo a frente dos demais. Esse novo tempo exige adequação de pensamento e prática às coisas de um mundo globalizado.

Confira O Renascimento Rural e o Resgate da Agricultura Familiar

  1. Abra-se para a sabedoria financeira

Por fim, sabemos que todo gestor – seja na propriedade rural ou em outra atividade – tem a preocupação com a questão financeira. Todavia, dinheiro só é um problema para aqueles que desconhecem suas capacidades de gerar receitas e realizar despesas.

A sabedoria financeira nos leva a considerar os fatores de produção como nossos aliados. Assim, é possível criar uma relação respeito com o dinheiro, onde o mesmo será aplicado de forma a beneficiar o seu negócio, a sua família e toda a comunidade. Esse é o sentido de sabedoria, aplicar valores éticos e morais sobre o conhecimento que temos. Nesse caso, sobre a organização da vida financeira.

Não se pode mais investir ou custear as atividades da propriedade sem um conhecimento profundo do quanto se tem e se terá para gastar. Esse planejamento é essencial para a saúde financeira da família e da propriedade. Além disso, o retorno dos investimentos em benefícios é uma visão que precisa estar em nossos olhos.

15 jun 2018

A Sabedoria do Campo como ferramenta estratégica para a Promoção humana na Educação

Reflexões motivacionais para educadores, gestores e pais!

Por Ainor Francisco Lotério

Imaginem a resposta que nos daria um agricultor antigo, que aprendeu a cultivar a terra com seus antepassados e por si,  um autodidata, se o perguntássemos: o que é uma ferramenta?

Certamente ele nos diria: uma ferramenta é algo como o meu machado, a minha foice e a minha enxada, que me possibilitam realizar a limpeza da área, plantar, capinar e colher a minha lavoura.

Agora, se perguntássemos a um agricultor familiar ou empresário do agronegócio o que é uma ferramenta, possivelmente, ele nos falaria de tecnologias inovativas, softwares, máquinas e equipamentos modernos, drones, etc. Ferramentas que exigem muita capacitação e habilidade para que os atuais agricultores possam exercer seu ofício.

Logo, se uma ferramenta é um instrumento que me permite realizar determinados trabalhos, a educação é a grande ferramenta estratégica (tática e certa) que um povo possui para melhorar a sua vida. Faço essa associação ao imaginar que todo pensamento estratégico pensa no pressente, assim também a ferramenta que  uso agora é para aplainar os campos do futuro.

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E o que seria a educação senão a arte ou o ofício de cultivar a lavoura educacional para a produção do conhecimento que liberta e promove a todos? Sugiro ouvir a música “a caneta e a enxada” para melhor entender “essa palavra bonita que se chama educação”. Aliás, a relação entre campo e cidade é cada vez mais profunda, razão pela qual a adotamos nessa reflexão.

Ora, se a terra ficar abandonada não produzirá o fruto que desejamos, pois quando o campo é deixado em pousio as plantas invasoras vicejem ao natural e sem uma direção.

Uma produção útil só é promovida pela implantação de um cultivo planejado e um constante olhar do agricultor.
A educação só caminha na senda da promoção humana quando a mesma é desenvolvida com prioridade real.

Pouca serventia tem lançar uma semente com bom poder germinativo entre as ervas de um campo nativo, pois ela não poderia expressar toda a sua potencialidade. Que sentido tem uma educação que desconsidere a evolução do ser humano na direção de um mundo melhor para todos?

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Olhando para dentro e fora de algumas escolas, podemos ver crianças sem aprender ou aprendendo mal por falta de comprometimento, desatualização e desmotivação de alguns educadores e gestores. E é possível que muitos assim ajam não por  maldade ou de caso pensado, mas por ainda desconhecerem o seu potencial transformador no viés da promoção humana. Educar é manter a terra escolar viva, sustentável, como um bem produtivo, pois educação é pão para todos. Confira abaixo um vídeo para motivar os educadores.

Para a terra produzir há a necessidade de cultivo adequado da semente certa em cada campo.
Para a sociedade evoluir há a necessidade de se aplicar a educação como ferramenta de promoção humana.

Nisso vemos que, de outrora até agora, de igual força, tanto na lavoura como na escola, continua sendo o ser humano a única essência verdadeira que promove e pode ser promovida.

Educar bem é dar atenção à comunidade escolar que se tem, não relegando a planos inferiores essa perspicácia amorosa na direção do despertar de potencialidades humanas, como frequentemente acontece em nosso país e outras nações ainda atrasadíssimas nesse campo.

A atenção do agricultor faz com que a terra seja analisada e vista em profundidade, ou seja, na sua potencialidade real, dispensando à mesma todos os tratos culturais necessários, bem como o fornecimento dos insumos adequados para que a mesma dê “cem por um” e não apenas uma produção irrisória.

A atenção dos educadores deve ser também de profundidade, vendo, mais do que aparências, a essência do desejo que qualquer ser humano tem de evoluir, mesmo que seu presente esteja degradado, assim como a terra não fertilizada.

Educar é desenvolver uma grande missão, é cultivar o ser humano em profundidade para que ele expresse sua potencialidade, pesquisando a fundo o que de melhor poderia ser adicionado ao seu ser, para que ele se torne uma terra fértil em conhecimento.

Assim como a terra é, a princípio, sustentáculo e agente para o crescimento da planta que o agricultor vai cultivar, os alunos são os sustentáculos e os agentes do seu próprio desenvolvimento, mas também do nosso sonho de uma sociedade com mais  justiça e paz.

Ora, se “homem não é nada além daquilo que a educação faz dele” (Immanuel Kant), então cultivar a terra é fazer dela um bem altamente produtivo. O que ela nos dá não é unicamente para o nosso bem particular, mas para todos, assim como são os frutos da educação.

A Escola é também um bem da Família e os pais só deveriam ter os filhos que pudessem criar e educar (ver campanha de Quaraí-RS). Plantar ou semear sem antes preparar o solo para receber a boa semente, é o mesmo que “fazer filho e não educa-los”. Para melhorarmos uma nação há que se investir em educação a partir do lar e completar a obra na escola. Portanto, é uma tarefa da instituição pública escolar e da família, pois “é na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais.” (Coelho Neto).

Educação como ferramenta de transformação faz fortalecer as raízes culturais das pessoas, fertiliza a disposição em aprender mais, além de semear a possibilidade da estruturação de uma sociedade mais justa e igualitária, uma vez que seres conscientes não se deixam virar massa de manobra tão facilmente.

Educação é, por assim dizer, a maior estratégia que um governo pode adotar para formar o cerne evolutivo de uma nação.

Educação é uma ferramenta poderosa que engloba todos os processos de ensinar e aprender e não uma forma de depositar nas mentes dos aprendentes o conteúdo que preparamos. Isso requer uma nova motivação nas salas, gabinetes, pais e filhos e pátios escolares.

O ser humano deve se situar no centro do sistema educativo de uma nação, como a terra a ser tornada cada vez mais fértil e produtiva. Todos os esforços devem ser direcionados para educar num horizonte de plenitude, de alegria, de busca da realização pessoal e felicidade social. Educação não é ferramenta de exploração, de escolas e universidades caça-niqueis (veja: Para inflar currículos, pesquisadores publicam em revistas caça-niqueis), onde tais estabelecimentos são erguidos com o objetivo de “ganhar dinheiro”. Educação requer espírito empreendedor educador e não como apenas um negócio.

Assim como o faz o agricultor com seu conhecimento e ferramentas em sua propriedade, a tarefa de cada educador consiste na capacidade de identificar a essência das potencialidades humanas e lançar novas sementes à inquietação do homem.

Educar, assim como se faz com as plantas na lavoura, é manter vivo o amor pelo saber, despertando o coração e ativando a mente de cada ser aprendente (aquele que aprende, o aprendiz, aquele que está em constante busca pelo conhecimento. Veja também Ensinante e Aprendente: a construção da autoria de pensamento). Da mesma forma que a terra expressa em produção o que nela semeamos, não apenas pela fertilidade ou os insumos que nela colocamos, mas como reflexo também das condições climáticas que a envolvem, também a construção do saber (e da cidadania) se deve dar de acordo com a marcha da razão e da adesão livre de cada educando.

06 jun 2018

COOPERATIVISMO COM ESPÍRITO FAMILIAR: FORTALECENDO GERAÇÕES

Ainor Francisco Lotério

Qual a relação do Cooperativismo com a Agricultura Familiar? As grandes transformações na vida do campo enfraqueceram a Agricultura Familiar? 

Aração com tração animal.

Família e cooperativismo caminham juntos desde o início. Lembro-me dos tempos de criança, quando meu pai saia pelos campos convidando os agricultores para fundar uma cooperativa. Éramos uma família numerosa em casa, onze filhos e nossos pais, como era frequente na Região do Alto Vale do Itajaí, SC. Era comum famílias com muitos filhos para “trabalhar na roça”. Com cinco anos eu já conduzia cavalos e bois, os quais tracionavam implementos agrícola de preparo e cultivo do solo, transporte de insumos e produção agrícola (confira os  vídeos: aração com tração animal carpideira com tração animal).

Pois bem, meus caros leitores, foi naquele tempo que muitas cooperativas surgiram. As comunidades eram mais fortes e unidas, uma vez que todos dependiam do trabalho no campo e inclusive plantavam as lavouras trocando dias de serviço (um ajudava o outro no momento do plantio, capina e colheita) ou faziam um mutirão (para ajudar um agricultor em dificuldade). Veja mais em: Mutirão onde os agricultores trabalhavam cantando.

A família, assim como a cooperativa, não são entidades para se realizar festinhas ou existentes para beneficiar um determinado membro ou poucos dos seus componentes. Tanto uma quanto a outra só funcionam bem quando há intensa participação de todos, além de plena justiça e igualdade de condições em tudo o que é feito.

Uma família e uma cooperativa não se regulam apenas pelas leis do mercado, mas pelas relações humanas que fortalecem uma sociedade, pois a sociedade de pessoas é maior do que o mercado, que pode ser excludente nalgumas situações. Isso não quer dizer que a cooperativa seja uma entidade assistencialista, pois a mesma tem obrigações diretas apenas para com os seus associados que cumprirem seus compromissos estatutários. Senão vejamos em sua definição que diz: “a cooperativa é uma organização de pessoas unidas pela cooperação e ajuda mútua, com objetivos econômicos e sociais”. Veja esse vídeo de uma palestra que proferimos sobre Cooperativismo e Família para uma grande plateia: 

Tecnicamente, a Cooperativa é uma organização constituída por membros de determinado grupo econômico ou social que objetiva desempenhar, em benefício comum, determinada atividade (produção de bens e serviços). As premissas do cooperativismo são: identidade de propósitos e interesses; ação conjunta, voluntária e objetiva para coordenação de contribuição e serviços; obtenção de resultado útil e comum a todos. O certo é que cooperar precisa também ser um bom negócio, além de aprimorar os laços sociais e comunitários.  Você pode conferir no link do vídeo a seguir como falamos de modo bem autêntico  sobre o Cooperativismo, a Cooperativa e seus Ramos.

Uma cooperativa não existe para beneficiar um determinado grupinho de pessoas, mas para beneficiar a comunidade de associados sem distinção, pois a mesma é uma sociedade de pessoas com os mesmos direitos e deveres. Logo entendemos que essas pessoas têm suas origens numa célula social intitulada família, a qual tem uma função e responsabilidade com a comunidade onde está situada.

A família é um agrupamento humano formado por indivíduos com ancestrais em comum, ou ligados por laços afetivos e que, geralmente, vivem numa mesma casa. A família representa um grupo social primário que influencia e é influenciado por outras pessoas e instituições, além de se constituir numa unidade básica da sociedade, portanto formadora de comunidades. Uma família ajustada e harmônica é sinônima de felicidade para seus membros.

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Trajetória Cooperativista do Professor Ainor 
Ainor Lotério e a Agricultura Familiar

Família, comunidade e cooperativismo têm intima relação. Os próprios princípios cooperativistas se iniciam pela adesão livre do individuo singular (vindo de uma família), indo ao interesse pela comunidade, o sétimo princípio. Isso nos leva a deduzir que o cooperativismo deve se iniciar no seio do lar e se fortalecer a partir daí.

É no seio das famílias que se inicia o compartilhamento de tarefas, a solidariedade, a livre adesão e o comprometimento com o outro. Nas decisões democráticas e amorosas, o interesse em aprender e ensinar e a vivência em comunidade toma corpo e se desenvolve. No caso das propriedades agrícolas menores, uma atividade eminentemente familiar, a atitude voluntária cooperativa é que faz a família se dar bem na atividade. Não basta trabalhar e produzir se os produtores não se unirem em cooperação.

Por outro lado, as cooperativas se fortalecem realizando eventos que congregam os associados, seus familiares, dirigentes e colaboradores.

O cooperativismo se fortalece no seio do lar quando se mostra acolhedor das famílias. E nos tempos atuais de famílias pouco numerosas, onde os pais procuram dar aos filhos tudo aquilo que não tiveram, os mesmo podem se tornar um tanto egoístas.

Com esse espírito familiar acolhedor em ação, a importância do cooperativismo passa a ser sentido a partir do seio do lar, de modo que possa incentivar aí o surgimento de novos sucessores para o agronegócio e também novos sócios.

O cooperativismo precisa ser encarado sob a tríade da filosofia, da atitude voluntária e da sociedade de pessoas. Ter disposição e boa vontade é importante para uma pessoa viver em sociedade, porém não é tudo. Necessário se faz que o indivíduo entenda o que venha a ser o cooperativismo na sua essência, de acordo com os princípios de probidade, lealdade e solidariedade, como surgido em Rochdale, na Inglaterra no início do século dezenove.

Quem vive o cooperativismo desde o seio de sua família tem mais facilidade de compreender e viver esse movimento social e econômico, que visa buscar resultados positivos aos seus associados. A filosofia de vida, a atitude voluntária e a organização da sociedade só faz fortalecer as famílias e promover o desenvolvimento das propriedades agrícolas, municípios e regiões.  Porém, para que isso aconteça, a família precisa ser participativa e entender a complexidade da entidade cooperativa, pois o dono é o próprio associado.

As novas gerações precisam ser iniciadas e educadas sobre a nobreza do verdadeiro cooperativismo, de maneira que entendam porque é que muitas cooperativas faliram, enquanto outras funcionam tão bem até nossos dias. Assim, convido você a assistir a uma palestra que proferimos durante um grande roteiro sobre Cooperativismo e Agricultura Familiar: fortalecendo gerações.

Não basta ter o rótulo de sócio se no fundo não se é cooperativista. Ser participativo é fundamental para que o sócio se faça dono da sua cooperativa. Isso se faz através do “adonamento” (do fazer-se dono não por esperteza e velhacaria, mas com seriedade) financeiro, profissional, afetivo, participativo, patrimonial, enfim, um dono comprometido com aquilo que é seu, a sua cooperativa.

Percebemos que está na hora de voltarmos a falar em cooperativismo às famílias associadas, colaboradores e dirigentes. Os problemas que hoje enfrentamos nas áreas de produção, transporte e comercialização precisam ser resolvidos conjuntamente e têm a ver com a formação dos cooperativistas.

Há também muitos sócios no meio do quadro social que só pensam em preço e vantagem pra si, e isso não revela espírito cooperativo, mas puro egoísmo. Quando nos unimos vencemos as crises, não quando  nos isolamos.

Uma cooperativa é uma entidade complexa, que inclusive muitos sócios não sabem como funciona, mas precisam se interessar pelo assunto, afinal, a empresa cooperativa é deles. Não é inteligente ter uma participação fraca durante o seu funcionamento, o que poderá acarretar numa pesada carca financeira se a mesma tiver complicações financeiras.

Cooperativismo não é um assistencialismo, mas uma atividade que busca atender às demandas dos associados Há por isso também a necessidade de se favorecer a participação da comunidade associada, através de  núcleos e comitês educativos.  O cooperativismo acontece quando elevamos nossa consciência pessoal e familiar, de acordo com o que expressamos no vídeo ao lado.

Finalmente, quando ele age com espírito familiar, ou seja, sempre procurando fortalecer cada um dos membros da família, todos se sentem coparticipes e tendem a cooperar de maneira ideal. Para tanto, há a necessidade de se investir constantemente em informação, formação e educação cooperativa.

24 abr 2017

Entrevista concedida à Cotrisal em vista do Encontro de Mulheres Cooperativistas 2017 em Sarandi/RS.

Para enriquecer ainda mais o Encontro de Mulheres Cooperativistas, foi realizada uma entrevista com o Professor Ainor a respeito do papel da mulher na agricultura familiar, sucessão, espírito de liderança e família. Os resultados desse jogo de perguntas e respostas são traduzidos em conhecimento, trabalho árduo, dedicação e carinho do Palestrante pelo público e sua preocupação com a agricultura familiar. Confira abaixo essa preciosa entrevista.

Como será a palestra? Quais os pontos que serão abordados?

– Será uma palestra instrutiva, animada e musicada, com o objetivo de sensibilizar as mulheres para a importância do seu papel na família atual, na cooperativa e na sociedade. Falaremos do sentimento de pertencimento, imaginação e sensibilização dos sentidos para uma vida de significado.
– Dentre os pontos a serem destacados estão: a inteligência coletiva da mulher, que já se apresenta no seio dos lares, e sua relação com o cooperativismo; os sinais de evolução das mulheres no aspecto da formação, da participação social, da emancipação, da longevidade, do empoderamento em si. Saber o que se cultiva e o que se cria, o que se gasta e o que se ganha, o que se planeja e o que se define como meta de realização familiar em sua propriedade agrícola. Valorização, estímulo, motivação, resiliência e superação de entraves, para a busca de objetivos e metas. Do papel à transformação em agentes de desenvolvimento sustentável da propriedade familiar.

Qual o papel da mulher nas propriedades rurais familiares?

– Essa pergunta por si já denota a necessidade de se investir no seio da família, eu diria que a partir do ventre, e em nossa propriedades, bem como em parceria com as cooperativas, sobre o significado e realização que o campo pode dar às famílias que envolvem seus filhos e se dedicam ao sem pleno desenvolvimento. Ir além de administradoras do lar ou donas de casa (como sempre foram consideradas), passando agora ao nível de parceiras do planejamento e da gestão da propriedade. Motivar a família para seu envolvimento com a cooperativa, numa salutar parceria dialogada com o esposo e a família.  As mulheres podem melhorar as escolhas nas propriedades, pois os caminhos que trouxeram as gerações de agricultores até aqui, não servirão para conduzir os jovens doravante. Escolher novos caminhos, para acertar o alvo da realização na propriedade é fazer sucessão. Isso será feito de maneira mais condizente com a família se a inteligência feminina entrar em cena. Quando o homem não age só, mas em família na propriedade, a vida fica melhor para todos.

Acompanhando essa onda de empoderamento feminino e discussão sobre o conceito de feminismo, você tem notado uma mudança no lugar que a mulher ocupa dentro das famílias rurais?

– As mulheres dão respostas aos estímulos de formação e desenvolvimento muito rapidamente. Elas vivem mais que os homens cerca de oito anos, são empreendedoras, estão sempre ao lado dos filhos e filhas em tudo. Como acompanho os trabalhos com mulheres a cerca de trinta anos, desde os tempos de extensionista rural, percebo também fortemente nos trabalhos e eventos das cooperativas, que as mulheres sempre se fazem presentes, se envolvem fortemente em temas de geração de renda, exercício de liderança, trabalhos comunitários, participação em conselhos (ainda pequeno), dando um brilho em tudo o que botam a mão e a inteligência. A mulher não se empodera para passar à frente do homem, mas para que todos possam caminhar com ela, pois seu desejo é que a vida seja um espetáculo familiar, não unicamente pessoal. Coração de mãe sempre cabe mais um, é cooperativo e tem inteligência social. Isso por si só lhes confere poder. Todavia, quando se soma isso a sua busca por formação, seu poder de realizar aumenta.

Quais são as características das mulheres líderes/empreendedoras?

– As mulheres que são lideres empreendedoras participam mais, trabalham decididamente naquilo que dá resultado envolvendo gente, praticam a empatia (colocam-se facilmente no lugar dos outros), trabalham muito e lideram pelo exemplo. Elas não se preocupam em competir com os homens, pois sabem cativar seus espaços, assim como sempre brilhantemente o fizeram no lar e nos espaços que atuavam e atuam. Elas se cuidam mais que o comum, investindo em formação e saúde. Não observam apenas o empreendimento frio em si, mas entendem o espírito que o move, sendo por isso possuidora de um espírito que anima e conduz nos momentos mais difíceis da empreitada ou empreendimento.
– Sabem olhar para dentro de si e para fora dos seus empreendimentos, dando mais vida à família, propriedade e cooperativa. Isso é fazer da vida um espetáculo não para ser apenas assistido, mas participado como ator e atriz.

A sucessão familiar é um desafio que nunca sai de pauta. Você pode dar algumas dicas que podem facilitar esse processo?

– A sucessão rural não envolve apenas a renda, mas todas as coisas e amores que contemplam a vida. E nisso as mulheres são especiais, pois lançam mão da inteligência afetiva e emocional, além de demonstrarem boa capacidade de gestão financeira. Assim, é fundamental a participação das mulheres num programa de sucessão rural na propriedade, uma vez que elas são exímias e naturais incentivadoras dos filhos e filhos, quanto às buscas que os mesmos realizam em favor da realização profissional, relacionamentos e sonhos de felicidade. Quem irá proteger nossos filhos e filhas se não os prepararmos para empreenderem com sucesso nas nossas propriedades rurais?
– Sucessão se faz com gradual passagem de responsabilidades de pais para filhos, integrando a família no processo de trabalho, tornando cada filho ou filha num aprendiz das novas técnicas de criação, cultivo e gestão, mostrando constantemente os resultados e fazendo contas juntos.

Quando iniciar a sucessão rural empreendedora?

– Iniciar cedo, uma vez que um profissional de qualquer área hoje em dia precisa estudar muito para ter sucesso, o que não é diferente no caso da agricultura (isso valia para o passado, onde a prática apenas era suficiente, quando o nível tecnológico era baixo e os filhos eram muitos e hoje são poucos. O certo é que o celeiro de sucessores está ficando cada vez mais escasso).

– Identificar os jovens com aptidão para o negócio da família e definir bem cedo, com a anuência de todos, levando-os ao consentimento e imaginação na atividade.

– A diversificação da propriedade, outrossim,  possibilita que um filho goste disso e outro daquilo, ou seja, uma atividade ou criação que pode atrair um não atrairá o outro. Quanto mais diversificadas as atividades numa propriedade maiores as chances (temos verificado em nossa longa experiência na área inclusive em trabalhos com jovens rurais).
– Criar, desenvolver e manter uma mentalidade sensibilizadora para a sucessão não apenas como fator de geração de renda, mas como ideal de vida também.
– Implantar uma estratégia familiar, associada à uma instituição associativa ou representativa dos agricultores ou política pública, de modo a não se afastar da ideia da sucessão, para evitar os modismo momentâneos, muito próprios da sociedade atual, onde quase tudo é fruto da correria.

Se você tiver algum ponto que ache importante acrescentar, pode ficar à vontade:

– A mulher é um ser que brilha facilmente no seio do lar, nas organizações, corporações e na sociedade. Sempre que a ela for dado voz e vez o resultado logo é notado. No entanto, há sempre uma distância entre a retórica e a prática no campo da atuação da mulher, ou seja, há muito elogio, mas nem sempre espaço. O bom desse momento em que estamos vivendo, quando o tema empoderamento toma cada vez mais corpo, é que as mulheres se encontram cada vez mais preparadas para o seu papel na sociedade, uma vez que empoderar-se significa criar uma consciência da sua situação e socializar o seu poder entre os cidadãos, conquistando assim a condição e a capacidade de participar. Isso, mais do que inclusão social e exercício da cidadania, é realização humana plena, é felicidade.
A propriedade agrícola familiar existe para o que, além da produção de alimentos  e geração de renda?
– Garantir os recursos naturais e o futuro da família com justiça social. Deixar um legado forte de SUCESSÃO FAMILIAR, tanto é que filhos se casavam com a garantia de um pedaço de terra, enxoval básico, máquina de costura, etc, vindo da casa dos pais. Caso a família não dispusesse de todos os recursos para casar muitos filhos, era solicitado um tempo para o filho ou filha seguinte, de modo à família se recompor financeiramente.

 

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