ANOTAÇÕES SOBRE MOTIVAÇÃO, DONS, TALENTO, LINGUAGEM, COMUNICAÇÃO E RELAÇÕES HUMANAS NAS ORGANIZAÇÕES

1.   MOTIVÇÃO HUMANA E PROFISSIONAL:

           O mundo cada vez mais competitivo dos negócios exige altos níveis de motivação das pessoas. Colaboradores e empregados motivados para realizar seu trabalho, tanto individualmente como em grupo, tendem a proporcionar melhores resultados. Pensando assim, a motivação pode ser entendida como o principal combustível para a produtividade do empreendimento.
A seguir, destacamos alguns pontos importantes no sentido de definir o que venha a ser a motivação humana versus ambiente de trabalho:

– Motivação é o que faz com que os indivíduos deem o melhor de si, façam o possível para conquistar o que almejam, e muitas vezes, alguns acabam até mesmo “passando por cima” de outras pessoas.

– A palavra motivação tem origem na palavra latina movere, que significa mover. Essa origem da palavra encerra a noção de dinâmica ou de ação que é a principal tônica dessa função particular da vida psíquica.

– É preciso considerar que a motivação tem relação com processos que determinam que as pessoas se comportem da forma como se comportam. Deve ser vista como uma força propulsora, cujas origens se encontram na maior parte do tempo escondidas no interior do indivíduo, que tem a disposição de fazer alguma coisa, quando essa coisa é condicionada por sua capacidade de satisfazer alguma necessidade para o indivíduo.

– A motivação pode ser tratada como um fator crítico em qualquer planejamento organizacional; por isso devem-se observar quais arranjos organizacionais e práticas gerenciais fazem sentido a fim de evitar o impacto que terão sobre os comportamentos individuais e organizacionais. Destarte, fundamental é compreender a teoria motivacional para se pensar analiticamente sobre todos os comportamentos nas organizações. Portanto, ela nasce somente das necessidades humanas e não daquelas coisas que satisfazem estas necessidades.

– A motivação cobre grande variedade de formas comportamentais, não sendo uma qualidade individual, nem uma característica do trabalho. A diversidade de interesses percebida entre os indivíduos permite aceitar que as pessoas não fazem as mesmas coisas pelas mesmas razões. Percebemos que cada pessoa possui certos objetivos motivacionais, e que o sentido que elas dão a cada atributo que lhes dá satisfação é próprio apenas de cada uma. Isto é, o significado de suas ações tem estreita ligação com a sua escala pessoal de valores. Esse referencial particular é que realmente dá sentido à maneira pela qual cada um leva a sua existência de ser motivado.

– A motivação  designa  um  conjunto  de  forças  internas e  impulsos  que  orientam  o comportamento das pessoas para atingirem determinado objetivo. Sendo o comportamento humano fundamentalmente orientado por objetivos, sejam eles conhecidos ou inconscientes, fica evidente a importância de se associar atitudes motivacionais a esses objetivos.

          De qualquer forma, a necessidade de entender o que pode ser feito para melhorar os níveis de motivação das pessoas impulsiona muitas pesquisas. Assim, o estudo da motivação humana representa uma tentativa de entender o que impulsiona, o que dirige e o que mantém determinados padrões de comportamento. É uma tentativa de conhecer como o comportamento é iniciado, persiste e termina.

          Quanto à maneira pela a qual a motivação se processa no indivíduo, a maior parte dos autores concorda que é por meio de um processo interno, mas que pode sofrer influência de fatores externos. Ninguém motiva ninguém em si, mas os gestores devem proporcionar condições que satisfaçam ao mesmo tempo necessidades, objetivos e perspectivas das pessoas e da organização, indo mais a fundo no que é motivação intrínseca e extrínseca.

           Acredita-se na existência de fatores motivacionais universais, que podem variar de indivíduo para indivíduo, ao longo do tempo e podem ser fruto da interação do indivíduo com o grupo. Daí a importância das relações humanas para a obtenção de melhores resultados no trabalho em equipe.

         Nesse contexto, é imprescindível deixar claro que a tarefa da administração também é a de motivar as pessoas que trabalham numa organização. Até porque isto é impossível, levando-se em consideração que a motivação é, numa primeira instância, um processo intrínseco (íntimo para cada pessoa), mas que somos suscetíveis às influências de outras pessoas e do próprio ambiente gerado (escala de Maslow). No entanto, num segundo momento, a organização pode e deve criar um ambiente motivador, onde as pessoas devem buscar satisfazer suas necessidades próprias.

2.   CINCO INTERPRETAÇÕES ERRÔNEAS SOBRE MOTIVAÇÃO:

A verdade é que o mito da motivação (mais com feição de condicionamento) vem perseguindo o administrador. Nesse sentido, podem-se destacar cinco interpretações errôneas:

1.   A crença de que uma pessoa possa literalmente motivar outra;

2.   A crença de que a pessoa é motivada como resultado da satisfação;

3.   A crença de que aquilo que motiva o comportamento seja também aquilo que determina sua direção, tanto positiva como negativamente;

4.   A crença de que a motivação seja o catalisador que induz a comportamentos positivos;

5.   A crença de que fatores de motivação e fatores de satisfação seja a mesma coisa.

Ressalta-se que quando se assume a possibilidade de motivar as pessoas, confunde-se motivação com condicionamento.Uma vez que se aborda na forma de condicionamento, está-se sabendo que, quando as forças condicionantes desaparecerem, sejam elas reforçadoras positivas ou negativas, essas pessoas param, precisando de novos estímulos para que voltem a movimentar-se em qualquer direção.

É indiscutível então, que ninguém consegue motivar alguém, sem que este o queira, uma vez que a motivação precisa nascer no interior de cada um, mas apenas condicioná-lo, o que é uma forma pouco eficaz de se atingir a motivação eficaz. No entanto, é possível manter pessoas motivadas quando se conhece suas necessidades e se lhes oferece fatores de satisfação para tais necessidades. O desconhecimento desse aspecto poderá levar à desmotivação das pessoas. Portanto, a grande preocupação da administração não deve ser em adotar estratégias que motivem as pessoas, mas acima de tudo, oferecer um ambiente de trabalho no qual a pessoa mantenha o seu tônus motivacional.

Não existem indivíduos que estejam sempre motivados, nem tarefas igualmente motivadoras para todos. Na realidade, a motivação é bem mais do que um composto estático, ela se dá quando temos “motivos para a ação”. Trata-se de um processo que é ao mesmo tempo função dos indivíduos e da atividade que desenvolvem. É por isso que a força, a direção e a própria existência da motivação estarão estreitamente ligadas à maneira pessoal que cada um percebe, compreende e avalia sua própria situação no trabalho, e certamente não à percepção daqueles que estão fora dela como os tecnocratas, os administradores que desconheçam essa necessidade.

Existem diversas teorias e crenças relacionadas à motivação e à maneira pela qual ela se processa no indivíduo, o que torna esse tema alvo de polêmica e divergências no campo organizacional. No entanto, essas teorias se complementam e contribuem para o delineamento de uma visão mais abrangente do ser humano como riqueza essencial das corporações, tendo em vista a natural complexidade que o caracteriza.

3.   LINGUAGEM E SUA FUNÇÃO NA COMUNICAÇÃO MOTIVADORA:
um problema, uma filosofia, uma solução.

Ludwig Wittgenstein (1889-1951), filósofo que promoveu o movimento que colocou a linguagem no centro da reflexão filosófica, deixando de figurar apenas como um meio para nomear as coisas ou transmitir pensamentos, mas para comunicar vida.

Linguagem indica coisa, assim como as palavras (descrição e função) pode se referir tanto à capacidade especificamente humana para aquisição e utilização de sistemas complexos de comunicação, quanto a uma instância específica de um sistema de comunicação complexo.

A linguagem nasce por: imitação: sons de animais e da natureza, imitação gestual, etc. Necessidade: fome, sede, defesa, etc. Portanto, nasce dos nossos atos.

Um pouco de história – Desde os tempos mais remotos o homem sente a necessidade de transmitir o conhecimento para outros, a fim de preservar seus sentimentos e ideias, ou até mesmo para vangloriar-se de seus feitos, registrando suas caçadas nas paredes das cavernas para que outras tribos pudessem confirmar o acontecimento. Com isso, ele impressionava e deixava leu legado antropológico.

Função da linguagem: descrever a realidade. Os limites da minha linguagem significam os limites do meu mundo, pois “tudo o que pode ser dito, pode ser dito com clareza”, pois “Os limites de minha linguagem significam os limites de meu mundo” (Ludwig Wittgenstein).  A linguagem estabelece a correspondência entre mundo e pensamento. A linguagem estabelece a comunicação entre os seres humanos, exprimindo pensamentos, sentimentos e valores. As coisas, por si só, não têm sentido, pois elas ganham significado quando relacionadas com outras coisas. Para que algo possa ter significado é preciso que apareça dentro de uma relação com outros objetos em um determinado estado de coisas. Estar ligado a um estado de coisas é, ao mesmo tempo, a condição para que um objeto possa aparecer e ser pensado. Isso motiva e leva sentido ao existir e à vocação das pessoas.

– Rigor na linguagem: clareza, simplicidade, exatidão e variedade caracterizam a fala de qualidade: conexão entre palavras e objetos.

– Falar e ouvir:Falar e ouvir estão entre as habilidades mais importantes do ser humano. Na vida moderna, a maior parte do tempo é gasto com a comunicação verbal. No mundo do trabalho a valorização do profissional está na sua habilidade de transformar pensamento em ideias, ideias em palavras, palavras que possam ser compreendidas, assimiladas e admiradas por quem as ouve. No entanto é necessário considerar que além de falar e ouvir, ler e escrever, refletir, discutir, sentir são algumas das inúmeras habilidades humanas por meio das quais nos relacionamos com o mundo e aprimoramos nossas sensibilidades e conhecimentos.

Considerações sobre opoder das palavras e seu impacto nas relações

– Palavras amáveis não custam nada e valem muito (Blase Pascal).

– Não se trata de reprimir os sentimentos nem deixar de expressar as opiniões.  

– Tudo pode ser dito com respeito, sempre de forma amável, amorosa e tranquila.

– O que determina que uma crítica seja construtiva ou destrutiva é a maneira como ela é dita.

– As palavras são reflexas dos pensamentos e sentimentos e têm um poder enorme, tanto para agradar quanto para ferir as outras pessoas. Na maior parte das vezes, não medimos realmente o impacto que uma palavra pode ter.

– Dizemos coisas sem pensar, não percebemos o que dizemos e muito menos as consequências geradas a partir de uma palavra ou expressão negativas. Com as palavras, podemos ferir e ofender os outros, afetando, assim, os relacionamentos, o bem-estar e convivência. Fundamental para o bom relacionamento humano é pensar antes de falarevitando discussões alteradas. Estudos demonstram que este sentimento gera fortes mudanças no sistema nervoso autônomo, que se refletem nos atos e palavras e na motivação das pessoas. Não é só “o que” se diz, mas “como” se diz. O tom da voz, as palavras utilizadas e os gestos que as acompanham são determinantes para que uma mensagem seja poderosa e bem recebida pelo outro; do contrário, ela pode se tornar foco de discussão e desgostos. Podemos e devemos melhorar a nossa linguagem, tornando-a mais atraente, eficaz e motivadora.

Táticas para evitar ofender com as palavras e melhorar o ambiente:

– em um momento de ira, se você sentir que não pode se controlar, é melhor abandonar a comunicação e tentar se acalmar: não é hora de falar. Respire fundo;

– utilize uma estratégia para evitar palavras equivocadas:“O que você vai dizer, antes de dizer a outra pessoa, diga a você mesmo” (Sêneca);

– é preciso controlar as emoções com a razão;

– elimine a autocrítica e a crítica aos outros; também os juízos de valor;

– exercite a escuta – muitas vezes mais efetiva que a fala;

– use o poder do diálogo eficaz no ambiente corporativo, um exercício que pressupõe ouvir o outro além de falar e, mais do que ouvir, respeitar, ponderar, compreender, aproveitar. E isso requer boa dose de disposição e humildade.

4.   COMUNICAÇÃO MOTIVACIONAL- Uma habilidade a ser desenvolvida

No mundo empresarial contemporâneo, a capacidade de se comunicar bem é considerada uma habilidade valiosa. Habilidade essencial para a vida, muito exigida de profissionais, que rende melhores frutos quando realizada de maneira positiva e propositiva. Ferramenta de integração, instrução, troca mútua e desenvolvimento.

No processo de comunicação podem ser identificados os seguintes elementos: emissor, receptor, código (sistema de sinais) e canal de comunicação. Outro elemento presente no processo comunicativo é o ruído, caracterizado por tudo aquilo que afeta o canal, perturbando a perfeita captação da mensagem (por exemplo, falta de rede no celular).

Existem três conceitos preliminares que são importantes para a perfeita compreensão da comunicação: dado, informação e comunicação.

Dado, é um registro ou anotação a respeito de determinado evento ou ocorrência. Um banco de dados, por exemplo, é um meio de acumular e armazenar conjuntos de dados para serem posteriormente combinados e processados. Quando um conjunto de dados possui um significado (um conjunto de números ao formar uma data ou um conjunto de letras ao formar uma frase), temos uma informação. Isss requer atenção.

Informação, é um conjunto de dados com determinado significado, ou seja, que reduz a incerteza a respeito de algo ou que permite o conhecimento a respeito de algo. O conceito de informação, tanto do ponto de vista popular, como do ponto de vista científico, envolve um processo de redução de incerteza.  Quando uma informção é transmitida a alguém, sendo compartilhada também por esse alguém se dá a comunicação segura e assertiva (clara e que reduz conflitos).

Para que haja comunicação, a  informação simplesmente transmitida, mas não recebida, não foi comunicada. Comunicar significa tornar comum a uma ou mais pessoas determinada informação.

Comportamentos que impedem uma boa comunicação e dificultam o relacionamento humano:

– não permitir que o interlocutor expresse sua opinião;

– interromper bruscamente a fala alheia;

– destruir o ambiente comunicativo por excesso de brincadeiras ou comentários sarcásticos;

– não manter o contato visual;

– fugir da responsabilidade de falar quando é meu direito ou dever.

misantropia: o problema do isolamento humano em comunicação, termo utilizado para indicar as pessoas que vivem sozinhas em função desse sentimento ou para representar uma posição de desconfiança de um indivíduo para com a humanidade ou ainda indicar a tendência para antipatizar com as outras pessoas.  O misantropo é (sem juízo de valor) uma pessoa que: tem aversão ao convívio social, prefere viver em isolamento; não mostra preocupação em se dar com as outras pessoas, de ter uma vida socialpreenchida.

pensamento acelerado e a fala muito rápida: vivemos a ditadura da rapidez, a urgência de ver tudo pronto, o imediatismo de ter que fazer mais rápido que o outro, da velocidade e do pouco parar para pensar.

– acomodação com o que foi realizado: esse comportamento traz à tona a imobilização frente às ações, aos sentimentos, às vivências. A saída é nos movermos nem tão calmo que nos imobilize, nem tão rápido que nos mantenha em uma ditadura. Velocidade equilibrada com seu eu, sua essência, em equilíbrio produtivo.

Técnica (simples e direta) para melhorar o desempenho da comunicação pessoal e social:

FDN – Falar Devagar e só o Necessário.

OAP – Ouvir com Atenção e Profundidade.

IAO – Interessar-se pelo Assunto do Outro.

ACE – Agir com Calma e Entusiasmo.

A técnica consiste em exercitar todos os dias, fazendo uma conscientização ao amanhecer e toda vez que terminar uma conversa, um diálogo, uma reunião, uma entrevista, enfim, uma manifestação qualquer. Com isso, vamos nos reabituando ao novo modo de falar, menos acelerado e  mais contemplativo. De início, pode até nos causar um mal estar, com uma espécie de pressão mental, respostas no diafragma (peito) e uma sensação de que “a cabeça vai estourar”, de tão mal que nos sentimos. No entanto, dentro de três semanas começamos a perceber as sensações e os resultados positivos, nas formas, focos e estilos da comunicação  interpessoal e grupal.

5.   RESILIÊNCIA OU RESILÊNCIA

Todos nós um dia passamos ou passaremos no futuro por experiências dolorosas, ofensas e perdas fortes. Nem todos têm a mesma condição natural de aceitação frente a um momento desses. Todavia, podemos compreender melhor a situação e aumentar nossa resistência e flexibilidade frente a esses reveses da vida, através da resiliência.
Resiliência significa voltar ao estado normal, e é um termo oriundo do latim resiliens. Resiliência possui diversos significados para a área da física, administração, ecologia e psicologia.
No contexto da ecologia, a resiliência é a aptidão de um determinado organismo ou sistema, que lhe permite recuperar o equilíbrio depois de ter sofrido uma perturbação. Este conceito remete para a capacidade de restauração de um sistema.

Resiliência, também chamada de resilência, é a propriedade dos materiais que acumulam energias, quando são submetidos a situações de estresse, como rupturas. Esses materiais, logo após um momento de tensão, podem ou não ser danificado, e caso seja, se ele terá a capacidade de voltar ao normal (ex.: mola de metal, borracha).

Na área da psicologia, a resiliência é a capacidade de uma pessoa lidar com seus próprios problemas, vencer obstáculos e não ceder à pressão, seja qual for a situação. Assim, a resiliência demonstra se uma pessoa tem resistência e se sabe ou não funcionar bem sob pressão.
Na área da administração, resiliência faz parte dos processos de gestão de mudanças. Pessoas que trabalham nas organizações que geram estresse devem ter um grande equilíbrio emocional, principalmente, para saber lidar com os problemas relacionados com o trabalho, quando as situações não ocorrem como elas esperavam. Além disso, a resiliência diz respeito à capacidade de tomar medidas que minimizam os problemas que surgem no contexto laboral.
Resiliente, finalmente, é quem se importa e sofre com o problema que está passando, mas sabe suportá-lo e se supera sem se transforma num peso unicamente, mesmo contando com apoio extrínseco.

6.   SUPERAÇÃO           

A superação pode ser entendida como o vencimento de um obstáculo ou dificuldade, ou também como a melhora que ocorreu na atividade que cada pessoa desenvolve; isto em termos profissionais, mas em nível pessoal, a superação também é a melhora que uma pessoa pode experimentar em suas qualidades pessoais.

A superação é uma parte da vida interior de um ser humano, com relação direta com a resiliência, que tem a ver com forças necessárias (para atingir suas aspirações ou metas que foram propostas na vida), vencendo situações ou problemas, sem se esquivar para parecer bem. Tem relação direta com a resiliência.  São fatores pessoais (íntimos e intrínsecos) e não meramente aspectos externos.

Os que acreditam nisto incorrem em um erro de interpretação, pois os bons períodos econômicos permitem que você troque de carro para um modelo um pouco melhor, de casa para uma maior, sem que haja superação propriamente dita aí. Ela não é para coisas  materiais (mesmo podendo levar a obtenção destes) mas para as boas estratégias ou planos que uma pessoa tenha traçado.

A superação consiste na capacidade de explorar todo potencial de uma pessoa que geralmente em certas ocasiões são limitadas por preconceitos e obstáculos psicossociais. Assim, o maior acesso das pessoas com capacidades diferentes às áreas acadêmicas e trabalhistas representa um dos maiores exemplos de superação descritos na atualidade. É reconhecido que a legislação vigente favorece esta possibilidade, o que não reduz os méritos à excelente tarefa dos indivíduos afetados e seu enorme crescimento no ambiente do trabalho, da educação e do desempenho físico, social, afetivo e cultural.

Tanto neste último caso utilizado como exemplo, como naqueles em que não há uma deficiência física, mas talvez emocional que necessita de uma superação, as melhores aliadas que possuem uma pessoa na hora de superá-las são: a força de vontade, a perseverança e a obstinação. Devem ser diferenciados estes verdadeiros motores da superação do fácil erro de utilizar substâncias estimulantes, pois o caminho final que estes produtos induzem não só levam em conseguir uma definitiva e reconhecida superação, mas que, pelo contrário, dão lugar a verdadeiras calamidades na vida de quem as recorre como atalho. Como já mencionamos, de forma independente das ideias e do nível cultural, só a perseverança, a vontade e a confiança são as melhores ferramentas para que a superação se converta em um caminho para melhorar a vida das pessoas. Isso pode ser desenvolvido e influenciar inclusive no despertar de dons e no aprimoramento de talentos.

7.   CONSIDERAÇÕES SOBRE TALENTO E SUCESSO HUMANO

Talento, palavra de origem latina, é a inclinação natural de uma pessoa a realizar determinada atividade. O talento facilita o sucesso em nossas atividades. Talento é, simplesmente, tudo aquilo que a pessoa consegue desenvolver.

A palavra tem origem no cristianismo (Lc 19:17-27), e é uma referência à parábola dos talentos. Na parábola, um homem entrega a três servos, respectivamente, cinco talentos, dois talentos e um talento; os dois primeiros investiram o dinheiro e dobraram o capital, porém o terceiro enterrou o talento e o devolveu ao seu senhor. Os dois primeiros recebem elogios, mas o terceiro é punido.

O talento é algo muitas vezes superestimado e frequentemente mal entendido. Afirmou o poeta e dramaturgo francês Édouard Pailleron: “Tenha sucesso e sempre haverá tolos para dizer que você tem talento.” Quando pessoas realizam grandes coisas, os outros muitas vezes explicam suas realizações atribuindo-as ao talento. Perguntamos então: Se só talento é o suficiente, por que há pessoas talentosas que não têm um grande sucesso?

Para Peter Drucker, pai da gestão moderna, “inteligência, imaginação e conhecimento são recursos essenciais, mas somente a eficiência os converte em resultados. Sozinhos, esses recursos humanos apenas estabelecem limites”. Se talento fosse suficiente, as pessoas mais eficientes e influentes sempre seriam as maias talentosas.

Dessa maneira, quanto ao talento, devemos:

– Reconhecer o talento das pessoas e nos admirar com suas realizações extraordinárias, permitindo a sua potencialização.

– Reconhecer sua contribuição para a sociedade: o curso da história de todo o mundo foi mudada por mulheres e homens talentosos que maximizaram suas habilidades.

– Separar o que se faz do que se é: o talento normalmente pode ser maior do que outros atributos pessoa importantes, como caráter e compromisso, e por esse motivo muitas vezes não conseguem atingir o ponto máximo de seu talento. Conhecemos muitas pessoas que deveriam ter chegado ao topo, mas não chegaram, pois esbanjaram o talento. Talento é só um ponto de partida no caminho do sucesso. Você tem de continuar a trabalhar esse talento, sem se esquecer de que também é portador de dons.

8.   QUAL A DIFERENÇA ENTRE DOM E TALENTO?

Dom é uma palavra que vem do latim donu. Significa dádiva, presente. O dom é uma capacidade especial inata. Na prática, um dom é um potencial para desempenhar com alguma facilidade determinadas tarefas que são complexas para a maioria das pessoas. Este é o fato de certas crianças desenharem bem, outras tocarem um instrumento musical com desenvoltura ou aprender números ou trabalhos manuais.

Um dom não é condição suficiente para caracterizar um gênio. Qualquer indivíduo pode ter um dom. Já um gênio tem, sim, um dom. Mas na genialidade há algo que a ciência ainda não explica.

Quando citamos Beethoven, Mozart, da Vinci ou Pelé como exemplos de pessoas que tiveram um dom especial, não poderemos excluir o Seu Mané Mecânico – que descobre em poucos segundos qualquer problema de um carro, e o conserta como ninguém, mesmo nãosendo um técnico com graduação acadêmica. Aqueles tinham um dom e também foram gênios. Já o Seu Mané apenas tem um dom.

O talento se parece muito com o dom na sua essência. Mas tem origem diferente. O talento é uma tendência ou um gosto especial que pode ser desenvolvido. Mesmo que exista algum componente genético, qualquer talento depende de três atitudes para atingir sua plenitude. O talento depende de treinar muito; ter disciplina: olhe para os atletas, por exemplo; e perseverança: persistir na busca dos resultados.

Isto só confirma a ideia de que “todo talento é 1% inspiração e 99% transpiração”. Daí se extrai o verdadeiro sucesso.

E como ficam aqueles que têm dom, mas não têm talento? Estes são um desperdício, nasceram com algo especial, mas não foram lapidados como deviam  (ou  não se descobriram ainda), pois assim como se automotivar, também é possível se  autodescobrir. E tem também os “desligados”, aqueles que, mesmo tendo tido boas chances, não se esforçaram para se desenvolver. Deles é que se diz: “Deus dá asas para quem não quer voar”. De uma maneira jocosa, mas direta, podemos entender que somos águias que voam alto e aguçam o olhar, não galinhas que andam raso e podem voar pequenos trechos, no máximo!

Thomas Jefferson, um dos primeiros presidentes dos Estados Unidos, comentou com muita sabedoria: “Eu acredito muito na sorte. Quanto mais duro eu trabalho, mais sorte eu tenho”. Isto equivale a dizer que inspiração sem transpiração de nada vale.

9.   TODOS TÊM TALENTO

Qualquer pessoa pode ser bem sucedida pode apresentar um talento especial que a destaque.

As pessoas tem o mesmo valor, mas não o mesmo talento. Algumas pessoas parecem ser abençoadas com muitos dons e talentos. A maioria de nós tem menos habilidades. Mas saiba disso: todo tem algo que podemos fazer bem. Não importa até onde você está ciente de suas habilidades, como se sente com relação a si mesmo ou se já alcançou sucesso antes. Você tem talento e pode desenvolver esse talento.

A sugestão é: desenvolva o talento que você tem, não o que deseja! Acredite em você e se esforce mais!

Quem teria mais sucesso, a pessoa que confia somente no talento que tem ou a pessoa que percebe seu talento e o desenvolve, a resposta seria óbvia. Então, passe a maior parte do tempo desenvolvendo seus pontos fortes (seus talentos e habilidades), não seus pontos fracos (é claro que questões de comportamento e caráter maus devem ser modificadas e destruídas). Melhoremos nosso desempenho e obteremos melhores notas, além de maximizarmos o talento pessoal.

10.    FAÇA ESCOHAS QUE AGRAGAM VALOR AO SEU TALENTO

“Talento + Escolhas Certas = Uma Pessoa com Talento Extra”

Procure converter talento (e dons) em resultados. “O destino não é uma questão de sorte; é uma questão de escolha. Não é algo que se espera, mas algo a ser alcançado” (William Jannings, escritor).

Veja abaixo algumas sugestões para maximizar o talento:

1.     Acreditar estimula seu talento.

2.     A paixão fortalece o talento.

3.     A iniciativa põe seu talento em ação.

4.     O foco direciona seu talento.

5.     A preparação posiciona seu talento.

6.     A prática aguça seu talento.

7.     A perseverança sustenta seu talento.

8.     A coragem testa seu talento.

9.     Ser receptivo ao ensino expande seu talento.

10.  O caráter protege seu talento.

11.  Os relacionamentos influenciam seu talento.

12.  A responsabilidade fortalece seu talento.

13.  O trabalho em equipe multiplica seu talento.

14.  A regra de outro deixa seu talento justo e agradável ao ambiente de trabalho.

11.    O FATOR HUMANO: PARTICIPAÇÃO E ENGAJAMENTO

Uma empresa que se diga inteligente é aquela que atua a partir do conhecimento de seus indivíduos, com o compromisso de facilitar a aprendizagem contínua, despertando dons e talentos, gerando vida de qualidade.

O indivíduo é o alicerce, a misteriosa força das organizações e deve haver solidariedade entre superior versus subordinados, para então se trabalhar em grupo, caso contrário o gerenciamento da qualidade estará entre as primeiras etapas a serem atropeladas. E a satisfação do cliente não será atendida, se o coração da instituição, ou seja, os colaboradores e funcionários não estiverem bem.

Saber enfrentar e vencer desafios:

Para o sujeito enfrentar e vencer desafios, ele tem que ser capaz de conhecer a si mesmo e aprender a lidar também com seus conflitos, ou seja, o que irá fazer a diferença no profissional do futuro será o comportamento diferenciado. O profissional será capaz de administrar bem seus conflitos; será capaz de tentar e assumir riscos e vencer desafios. O relacionamento com o outro, pode ser um grande desafio na vida do funcionário, e uma rede de apoio para momentos de crise.

Estado de ajustamento e clima organizacional:

Os seres humanos estão continuamente engajados no ajustamento a uma variedade de situações, no sentido de satisfazer suas necessidades e manter um equilíbrio emocional dentro do ambiente de trabalho.  Daí, o nome de clima organizacional dado ao ambiente interno existente entre os membros da organização. O clima organizacional está intimamente relacionado com o grau de motivação de seus participantes.

Um bom ajustamento ao ambiente ou clima denota “saúde mental”. Uma das maneiras de se definir saúde mental é descrever as características de pessoas mentalmente sadias.

Essas características básicas são: sentem-se bem consigo mesmas; sentem-se bem em relação às outras pessoas; e são capazes de enfrentar, por si, as demandas da vida.

O clima organizacional é a qualidade ou propriedade do ambiente organizacional de trabalho que: – é percebida ou experimentada pelos membros da organização; – influencia o seu comportamento. No entanto, todo gestor e líder de equipe deve estar atento ao ajustamento de cada um no ambiente de trabalho.

Veja uma maneira simples e eficaz de se fazer um breve diagnóstico de ajuste das atividades, procedimento que qualquer pessoa pode praticar em seu ambiente de trabalho.
Primeiro, considere que cada pessoa tem determinadas atitudes por razões diferentes. Segundo, avalie por que você poderia continuar praticando sua atividade atual. Podemos fazer isso com base em cinco termos de autopercepções:

1 – NATURAL: Continuarei a praticar essa atividade porque a acho “natural” e poderei continuar a fazê-la;

2 – GOSTARÁ: Continuarei a praticar essa atividade porque gosto de praticá-la; eu a achei interessante e desafiadora;

3 – VALORIZARÁ: Continuarei a praticar essa atividade porque me identifico e me valorizarei ao praticá-la; farei isso com liberdade, mesmo quando não for agradável;

4 – CULPADO: Continuarei a praticar essa atividade porque me sinto envergonhada (o), culpado (a) ou ansioso (a) se não o fizesse; me forçarei a isso;

5 – SITUAÇÃO: Continuarei a praticar essa atividade porque outra pessoa quer que eu a faça; minha situação me força a fazê-la a isso.

12.    PROGRAMA PARA O AUMENTO DA FELICIDADE

Todos podem melhorar um aspecto pessoal, ter evolução profissional. Todavia, para isso acontecer de fato é preciso agir com perseverança e planejamento.

(1) Expressar gratidão: contar suas bênçãos pelo que possui (para uma pessoa próxima, para si  mesmo, por meio de contemplação ou de diário) ou comunicar sua gratidão e satisfação a um ou mais indivíduos aos quais você  nunca agradeceu de maneira adequada.
(2) Cultivar o otimismo: manter um diário no qual imagine e escreve sobre o melhor futuro possível para você ou pratique olhar para o lado alegre de qualquer situação.

(3) Evitar cismar e fazer comparações sociais: utilizar estratégias (como a distração) que reduzam o número de vezes em que insiste em seus problemas e se compara com os outros.
(4) Praticar gestos de cortesia: ter gestos bons para com os outros, sejam amigos ou estranhos, de maneira direta ou anônima, de modo espontâneo ou planejado.
(5) Cultivar relacionamentos: escolher um relacionamento que precise ser fortalecido, e investir tempo e energia em reforçar, cultivar, afirmar e aproveitá-lo.
(6) Desenvolver estratégias de superação: prática de meios para tolerar ou superar estresse, privação ou trauma recente; ser resiliente (resistente, ajustado e flexível).
(7) Aprender a perdoar: manter um diário ou escrever uma carta (meio físico ou eletrônico) na qual trabalhará para renunciar à raiva ou ao ressentimento de um ou mais indivíduos que o magoaram ou ofenderam.

(8) Praticar mais atividades que realmente o motivem: aumentar o número de situações em casa e no trabalho em que você esqueça de si mesmo, que sejam desafiadoras e absorventes (experiência de fluxo: vontade de explorar e conhecer os limites pessoais e do ambiente de ação).

(9) Desfrutar as alegrias da vida: estar atento, deleitar-se e reviver os momentos prazerosos e maravilhosos da vida – por meio do pensamento, escrita, desenho ou compartilhando (aproveitar o potencial das redes sociais virtuais, sem exagerar na exposição, primando pelo conteúdo de qualidade) com alguém.

(10) Comprometer-se com seus objetivos: escolher um, dois ou três objetivos importantes que têm significado para voe e dedicar tempo e esforço para persegui-los.
(11) Praticar a religião e a espiritualidade: envolver-se mais com sua instituição religiosa ou ler e pensar em livros de temas espirituais, sem ofensas geradas por proselitismo e imposição de pontos de vistas próprios ou adotados.

(12) Cuidar do corpo: engajar-se em uma atividade física, meditação, sorrir e gargalhar; beber, comer, movimentar-se e respirar com qualidade.

 

VOCÊ PODE MAIS, MUITO MAIS, MAS É PRECISO QUERER COM TODOS OS SEUS DONS, SEUS TELENTOS, INTELIGÊNCIA E FORÇA!

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Referências (sucintas): Manual de Treinamento e Desenvolvimento: Um Gia de Operações. MAKRON Books, 2001; Os 5 desafios de equipes: uma fábula sobre liderança – Patrick Lencione; Como Motivar para Obter Desempenho Máximo- Amarican Management Association; Talento não é tudo – John C. Maxwell; Motivação nas organizações – Cecília Whitaker Bergamini; Motivaçõ 3.0 – Daniel H. Pink; Texto: Qual a diferença entre dom e talento? – Abraham Shapiro; Recursos Humanos – Idalberto Chiavenato; A ciência da felicidade – Sonja Lyubomirsky; Gestão de pessoas, não de pessoal- VROOM, V. H.; O mito Comunicação organizacional: uma reflexão possível a partir do paradigma da complexidade- da motivação – ARCHER, ER; BERGAMINI, CW; A motivação nas organizações. Atlas; BALDISSERA, Rudimar; Comunicação eficaz na empresa: como melhorar o fluxo de informações para tomar decisões corretas-DELLAZZANA, Ângela; Comunicação organizacional: uma visão complexa dos discursos das organizações. Dissertação de mestrado. Fac. de Comunicação Social, PUCRS; Mantenha seu cérebro vivo- Lawrence .C; Manual de comunicação da Acaresc e experiências da Diretoria de Marketing e Comunicação da Epagri; Assim é que se fala em público-Polito; O diálogo possível: comunicação organizacional e o paradigma da complexidade-SCROFERNEKER, Cleuza; Administração de recursos humanos-CARVALHO, A. V., NASCIMENTO, L. P; A quinta disciplina: arte, teoria e prática da organização da aprendizagem-SENGE, P. M.